Cada pessoa observa o universo de uma determinada forma. A perspectiva de cada um varia em relação ao de seu próximo dependendo de vários fatores, seja a posição no espaço-tempo, a bagagem cultural, a formação física do cérebro entre outros fatores óbvios ou obscuros. No entanto, não deixamos de ser similares, entendendo a visão dos outros pela nossa própria experiência e semelhança, concordando com muitos de seus pontos sobre o mesmo universo.
Minha ideia se baseia nesse fato, acreditando que apesar de nossas idiossincrasias, somos fundamentalmente iguais. A partir disso, imagino ser possível encontrar padrões na forma como cada pessoa visualiza esse universo no qual estamos imbuídos. Então, divide esse padrão em três camadas de forma geral, sob uma determinada perspectiva, sendo que é possível certa graduação entre elas. Cada pessoa vê mais de uma específica camada, embora todas sejam visíveis se alguém se conscientizar delas. Tudo isso é meramente filosófico, já deixo claro, e se baseiam em observações não-científicas de minha parte.
A primeira camada está naquilo que é óbvio, que fica bem na nossa cara. Contudo, isso fica tão próximo e é tão natural que já não percebemos. É onde ficam os “rostos” de todas as coisas, os quais reconhecemos, porém não notamos os seus detalhes. Se deliberadamente trazido à tona, todos normalmente dizem que já sabiam e que é habitual e, portanto, não é algo digno de nota. É o ar que respiramos e água que bebemos. São os nomes das ruas que passamos ao ir para o trabalho.
A segunda camada está naquilo que é mais profundo que o óbvio: as variedades do dia-a-dia, as notícias no jornal, os capítulos das novelas. Aquele anúncio novo na TV, ou a roupa exposta na vitrine de uma loja. São as coisas que chamam a atenção por serem comuns e, ao mesmo tempo, imprevisíveis. É a chuva que cai justamente no dia em que você esqueceu o guarda-chuva em casa. As coisas que vão além do habitual, porque mudam todos os dias.
A terceira camada é ainda mais profunda, longe do notável. Só pode-se percebê-la com esforço, olhando além do que é facilmente perceptível. São as colunas da estação de metrô, que sustentam o peso de toda a terra acima, com seu aço e sua física. São as moléculas de açúcar dissolvidas no suco o qual bebemos. São os pixels que formam a tela do computador.
Cada pessoa observa cada camada em níveis diferentes. Cada um vê aquilo que quer ver, sendo que todos podem ver todas elas. É mais que uma questão de escolha, no entanto, é uma questão de cultura; é uma questão idiossincrática.
A maioria da população enxerga a segunda camada. As coisas fúteis do cotidiano, as bobagens que passam na TV ou aparecem nos trending topics do Twitter. É o que elas querem ver, sem ter que pensar muito, apenas engolindo o que já natural e já conhecem o sabor.
A primeira camada é vista pelos filósofos e pelos artistas. E por isso fascinam a população geral: são as coisas que todo mundo sabe e conhece, mas ninguém parou para ver. As coisas que passam despercebidas e são ressaltadas por esses grupos ao transmitirem a obviedade do mundo com palavras menos óbvias, as quais o povo pode perceber.
Enfim, a terceira camada é vista pelos sensitivos e pelos nerds. São as coisas que sempre estiveram ali, mas poucos pararam pra observar; as coisas que vão além dos olhos. Como as moléculas se unem, como o planeta orbita ou como o universo funciona. Aqueles que vêm além do natural enxergam essa camada.
As três camadas fazem parte de uma mesma realidade (talvez seja possível dizer que elas compõem a realidade). Existem ainda nuances, é difícil dizer onde termina o óbvio, por exemplo. E podem existir pessoas que enxergam duas, ou até três, camadas de uma vez.
E você o que acha? Existem ainda mais camadas; ou talvez menos? Pode-se dividir essas três em mais pedaços? Qual delas você enxerga mais? Botem suas opiniões aí nos comentários, quero ouvir opiniões diferentes.