A vida é tão curta que não conseguimos fazer tudo o que temos vontade. Isso é até fácil de perceber, se prestarmos um pouco de atenção. E este é exatamente o motivo de tentarmos entender o mundo que está além de nós mesmos.
Entre todas as bifurcações do caminho, escolhemos a direção de forma que cada um tenha uma vida única. É, realmente, apenas uma vida. Por isso recorremos às outras vidas que estão à nossa mão.
Os videogames são um bom exemplo disso. Neles muitas muitas vidas. Não temos medo de errar, a qualquer problema podemos voltar e tentar de novo. Até conseguirmos ou perdermos a paciência. São as vidas que gostaríamos de ter, mas não temos.
Mesmo assistindo a um filme, ou uma série de TV, temos uma tendência a nos envolvermos na história de modo que compartilhemos as sensações e emoções dos personagens.
Eu aprendi a gostar de filmes quando comecei a acreditar que participava da história. É claro que temos que saber quando tudo acaba e também que tudo não passa de ficção, caso contrário sofreremos ao invés de nos divertirmos. Isso eu aprendi também.
O mais importante é que tudo isso é muito bom. As vidas novas que nos libertam da nossa própria, mesmo que por pouco tempo, nos fazem relaxar e distrair. Nos ajuda a deixar de ter consciência da vida patética que vivemos e acreditar que pode existir um futuro diferente. Quanto mais você pensa, mais você sofre. Aprendi isso pelo método empírico.
Um amigo meu disse que “a sofisticação cognitiva intensifica as sensações”. E eu percebi que isto é completamente verdade. É claro que isto se refere também à felicidade. Quando estou feliz, estou muito mais feliz do que os ignorantes que são felizes um tempo inteiro. Mas também fico triste e com uma intensidade maior do que eles quando, raramente, estão.
E todas essas outras vidas também nos fazem ficar tristes. Assim como as músicas. É como dizia Schopenhauer. Nos liberta da consciência e deixamos fluir o inconsciente. Satisfazemos nas vidas fictícias as nossas próprias vontades intrínsecas.
E, apesar de querermos veementemente, não podemos nos esquecer de que são apenas outras vidas.
Existem momentos na minha vida em que como eu queria que fosse algo parecido com vídeo game… tipo começar tudo de novo, mas com mais habilidade e vencer…
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Morri de rir foi com a imagem do cogumelo verde, antes de você começar a falar de videogame.
Às vezes gostaria de dar um restart.