O enredo é a sequência de ações e eventos que envolvem as personagens num trabalho de ficção. Estes eventos demonstram a sequência de causas e consequências, dando sentido à história e desenvolvendo as emoções do leitor.
Existem diversas maneiras de dividir o enredo, dependendo da abordagem e da intenção. Aqui vou apresentar uma divisão em seis camadas, que vão desde a visão mais geral (topo) até o mais específico (fundo), apresentadas por Randy Ingermanson e Peter Economy.
1. Storyline
Não consegui encontrar um termo em português para storyline, que geralmente é traduzido como “enredo”, mas aqui possui um significado diferente. Storyline é literalmente a linha que define a história, ou seja, o enredo resumido em uma única sentença.
É importante conseguir resumir a esse ponto, pois se alguém te perguntar “sobre o que é o seu livro?”, você já terá uma resposta curta e pronta que chamará a atenção dos interessados. Essa frase pode ignorar várias tramas da história e muitas vezes sequer fala do protagonista ou do enredo principal. O que define a storyline são a simplicidade e capacidade de chamar a atenção.
Como exemplo, considere o livro O Código Da Vinci de Dan Brown, a storyline poderia ser a seguinte: “Um simbologista de Harvard e uma criptógrafa francesa resolvem o enigma do Santo Graal em uma corrida contra a morte através da Europa”.
2. Estrutura de três atos
Aristóteles disse que o enredo deve ter começo, meio e fim. Isso parece óbvio e você já deve ter escutado muitas vezes. Estes são os três atos do enredo. O começo ocupa basicamente o primeiro quarto do texto e apresenta a situação, levando ao primeiro conflito (que geralmente compromete o protagonista com a história). O meio da história ocupa cerca de metade dela, trazendo o segundo desastre na metade do caminho e culminando numa tragédia ainda maior (que levará a resolução dos conflitos). O fim é o último quarto do enredo que parte do terceiro desastre e se desenvolve até o clímax, terminando enfim com a resolução.
Algumas histórias podem conter uma estruturação diferente e conter alguns atos a mais, mas é importante notar que às vezes parecem existir outras partes na história e ainda assim ela pode ser divida nessas três partes mais simples. O comprimento dos atos também pode variar bastante.
3. Sinopse
Um termo que todos devem conhecer, a sinopse é o resumo da história de forma sucinta. Enquanto os três atos podem ser explicados brevemente em torno dos desastres, a sinopse detalha melhor cada uma dessas partes.
Este resumo geralmente ocupa cerca de duas páginas e conta basicamente todo o enredo da história, sem se preocupar em levantar nenhuma emoção. É um documento que ajuda bastante no processo de venda de um texto.
4. Lista de cenas
A lista de cenas serve para organizar a ordem de como as coisas acontecem e ajudam no processo de escrita e edição. Cada item dessa lista é uma frase que contém um sumário da cena em questão. Apesar de não ser útil no processo de venda, uma lista de cem itens é mais simples para se trabalhar do que um rascunho de quatrocentas páginas, servindo como uma ótima ferramenta para organização.
5. Cena
A unidade fundamental da ficção é a cena. Cada cena é uma pequena história, com seu começo, meio e fim, que se passa num único lugar em um único momento. A cena mantém o foco em uma determinada personagem, que sempre passa por uma mudança (se nada muda, a cena não acrescenta nada a história).
Existem dois tipos de cena: a proativa, na qual a personagem busca um objetivo e passa por um conflito; e a reativa, na qual a personagem reage a um conflito e passa por um dilema até chegar a uma decisão.
6. Ação
A camada inferior do enredo corresponde à ação, também incluindo diálogos, pensamentos, emoções e descrições. Esta é a camada na qual as coisas acontecem. Aqui é onde o autor mostra a história ao leitor. Um ditado conhecido nesse meio diz “mostre, não conte”, pois contar a história distancia o leitor, ele precisa ver e sentir o que acontece, e é esta camada que mostra (claro que em alguns momentos é possível haver trechos contados, como sumários narrativos para a passagem de tempo e flashbacks, mas estes devem ser usados com cuidado).
Conclusão
Este artigo serve mais como informação do que como dica, mas nos próximos pretendo explorar cada uma dessas camadas e fornecer alguns conselhos de como produzir cada uma delas.