Amnésia – Cap. 1: Piloto 2

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Foi de repente. Acordei lá, simplesmente. Não tinha a mínima idéia de onde estava. Não era um lugar tenebroso e assustador, como talvez você esteja pensando. Era um quarto de dormir comum. Mas sabia o que era, nem de quem era e nem onde ficava. Minha primeira reação foi levantar-me da cama. Logo percebi que se tratava de um beliche. Então, com cautela, desci e caminhei em direção a saída do quarto. Não sabia o que me esperava.

Não sei se conseguirei explicar claramente, afinal nunca escrevi antes, talvez seja um pouco difícil descrever. Mas, saindo do quarto, observando o corredor, ainda com muito cuidado, avistei a figura de uma mulher que me cumprimentou cordialmente:

— Bom dia!

Enquanto eu absorto em minha gigantesca confusão mental, assustei-me e bradei intensamente, recuando amedrontado:

— Quem é você?!

Ela sem reconhecer meu estado, respondeu:

— Como assim César, do que você está falando?

Mas eu estava absolutamente confuso.

— Quem é você? – repeti – Onde estou? Que lugar é esse?…

E me debatia descoordenado, sem saber o que fazer.

— Calma, meu filho, você não se lembra de mim? Sou eu, sua mãe. Acalme-se!

Então, finalmente, a reconheci e a abracei firmemente.

— Mãe!! Por favor, me ajude! Eu… Eu não lembro, não consigo me lembrar! Eu me esqueci de tudo! Mãe por favor, me ajude!…

E gritava desesperado, minha mãe tentava me acalmar, mas precisou ter muita paciência, afinal eu estava confuso não sabia o que fazer.

Naquele momento ficou claro pra mim: eu havia perdido a memória. Não conseguia me lembrar de absolutamente nada, por mais que tentasse.

— Filho, não brinque assim comigo, eu já não tenho idade para essas coisas. – Minha mãe disse.

— Não! Mãe, não estou brincando. Eu não faria este tipo de coisa. Por favor, me ajude!

— Eu vou ligar para o seu trabalho e avisar que não vai. Vou te levar para o hospital. Ainda bem que você tem convênio.

Ela parecia bastante calma para aquela situação, ou talvez fosse eu que estivesse desesperado demais. Acho que ela ainda pensava que eu estava brincando.

Após me trocar, pois ainda estava de pijama, entramos no carro. Eu não a largava nem por um segundo, afinal, era a única pessoa que conhecia naquele momento, sem ela estaria perdido. Os momentos seguintes foram confusos para mim. A quantidade de informações que encontrei pelas ruas era surpreendente. Sentia-me como uma criança em seu primeiro passeio fora de casa. No hospital, aconteceu a mesma coisa, os pacientes, enfermeiros e médicos andando de um lado pro outro e eu sem entender nada. Não consigo me lembrar muito bem, porque com tantas “novidades” deixei de me concentrar no que realmente importava.

Quanto mais o tempo passava, mais angustiado e ansioso eu ficava. Estava esperando algo que eu não sabia o que era. Minha mãe não dizia nada além de “é para o seu bem, meu filho” e se recusava a me dar maiores explicações.

Então veio uma moça de branco que disse, para que todos ali ouvissem:

— César Moreira.

Me assustei porque acabara de lembrar meu nome completo, mais ainda porque aquela moça o pronunciou. Fiquei parado onde estava, sem mover um músculo, ainda agarrado no braço de minha mãe.

— Vá lá César, estão te chamando – ela disse.

Eu simplesmente olhei-a, totalmente confuso, e disse:

— Hã? Sozinho? Você não vem comigo?

— Claro que não! Você já é bem crescido, pode fazer isso sozinho.

— Mas, mãe… – falei, esperando que ela compreendesse que eu não estava entendendo absolutamente nada.

— Tudo bem. Vamos lá. – ela pareceu ter entendido.

A enfermeira ainda chamou mais uma vez nesse meio tempo, então a segui-mos.

Minha mãe e eu entramos numa sala. Observei assustado ela fechando a porta atrás de mim, como se estivesse me prendendo ali. Mas tive que me virar novamente ao ouvir uma voz feminina logo atrás de mim.

Continua… (ou não, porque isso aqui é um piloto)