Estranho pensar em como o tempo passa. Parece que foi ontem que eu ainda era uma criança e não tinha nenhuma preocupação além de ir para a escola. Um tempo em que eu podia ficar o dia inteiro jogando videogame, ou brincando com Lego ou outras coisas. Quando a imaginação era o único limite para o que eu pudesse ser ou fazer.
Mas esse tempo passou. Agora tenho outras preocupações, preciso pensar no que posso fazer – e no que posso deixar de fazer. Às vezes, sim, passo o dia inteiro jogando videogame, afinal preciso fugir do estresse. Só que logo o jogo termina e volto à dura e cruel realidade (que se torna mais dura até do que os jogos mais difíceis).
Há muito tempo eu tinha planos. Alguns deram certo, outros nem tanto. Mas quando me lembro de como antes eu pensava que estaria hoje, vejo que tudo desviou bastante do caminho. Naquele tempo eu sabia bem que direção seguir. Não tinha opções, na verdade. Porém agora é diferente. Não sei exatamente para que lado eu deva seguir. Estou num dilema que nunca antes tive: a dúvida entre a razão e a emoção. Parece que meu coração está amolecendo.
É uma dúvida de carreira que provavelmente muitas pessoas passam. Só que não algo entre fazer o que “dá dinheiro” e o que “eu gosto”. É entre fazer o que eu gosto e o que eu gosto também. A diferença é que um caminho deve ser mais fácil do que outro, mas eu não sei se seria tão gratificante.
Quando eu olho pra ver quanto tempo passou, penso estar atrasado. Penso que não vai dar mais tempo, muito embora eu tenha ainda a maior parte da minha vida pela frente. Todavia, ainda me pergunto se é possível recuperar o tempo perdido. Será que ainda posso fazer o gosto, o que quero, ou vou ter de me sujeitar a fazer o que é possível?
Se existe uma constante na minha vida, esta foi o medo. Muito embora eu sempre tenha sido do tipo de que não me importava tanto com as coisas, eu sempre tive medo de onde a vida me levaria. Medo de fazer as escolhas erradas – e de já tê-las feito. Penso se ainda é possível consertar.
Por outro lado, fico feliz pelo que conquistei. Cheguei longe e, de certa forma, mais longe do que pensei que chegaria. E agora vejo outro potencial. E só depende de mim para torná-lo realidade. Tenho medo que o destino me pregue mais algumas peças, sim, mas agora sinto uma vontade que nunca tive de me esforçar e vencer a vida. Como se ela fosse um dos jogos de videogame.
Se alguma vez chorei escrevendo um texto, foi agora.