Por motivo de certas inconveniências em minha vida pessoal, passei um tempo morando na casa da minha mãe. Que é coisa estranhíssima, aliás, voltar a morar com a mãe depois de passar, mesmo que pouco, tempo morando longe dela. E, por outra inconveniência, não havia internet na casa da minha mãe. Consequentemente, fiquei afastado da maldita rede por muito tempo (na verdade foi algo em torno de seis meses, o que é uma eternidade em termos de conexão).
A princípio, foi algo inusitado ficar sem conexão com o mundo. Como minha cabeça estava longe das melhores condições, não era algo de que senti falta. Porém, com minha melhora, percebi logo que a saudade da internet não vai embora com facilidade. E, apesar do contato eventual, muitos dos usos dela necessitam de acesso frequente e/ou imediato.
Então, Twitter e Facebook, além de outras coisas do gênero, perdem sua utilidade, pois dependem da frequência de acesso. E por mais que tentasse fazer algo off-line – de fato, me voltei muito a programação, música e escrita – sempre que me faltava referência eu empacava, já que essas coisas dependem do uso imediato da internet e da informação just-in-time. Certo que tomei notas para que pudesse pesquisar depois, mas quando se está fora daquele pensamento nem tudo passa a fazer sentido e também não tinha a possibilidade de testar aquela alternativa antes de perder novamente a conexão. Tudo se baseava em baixar a maior quantidade de informação possível e depois ver qual parte de fato se aplica (como fazemos na escola, aliás, com a informação just-in-case).
Com o tempo, meu olhar passou a se voltar para soluções alternativas (pode chamar de gambiarras) que careciam de eficiência em alguns casos, embora isso me tenha feito pensar muito em coisas nas quais certamente buscaria uma solução pronta. Além disso, passei a assistir mais TV – que é bom por um lado e ruim por outro.
Se houve quem dissesse que era a internet (ou um suposto vício por ela) que me impedia de sair de casa, agora há uma comprovação de que estavam errados. Pois a frequência de minhas saídas não aumentou, mesmo que às vezes ficasse sem ter o que fazer. Sempre fui caseiro, aliás, antes e depois do advento do acesso fácil à internet.
Foi uma experiência interessante, mas eu não gostaria de repetir. E, visto que os meus dias negros se foram e me sinto melhor, espero que nada disso volte a acontecer. Enfim, a solidão está um pouco menor agora que a minha conexão com o resto do mundo (mais precistamente com a parte que eu escolhi deste mundo) foi reestabelecida.