Existem aqueles dias em que acordo e percebo que já estamos no futuro. Coisas que vejo hoje que nem tenho ideia de como são possíveis, mas está aí acessível na lojinha da esquina. Na área da música isso também acontece e ainda me impressiono com certas coisas.
Quando eu era criança e mal sabia segurar um violão, nunca pensei que um dia faria músicas inteiras em meu computador pessoal. Se me contassem isso naquela época eu nunca acreditaria. E, no entanto, isso já se tornou parte da minha rotina.
Antigamente as músicas eram produzidas a base de fitas magnéticas. Tudo era gravado na fita – que adicionava seu timbre característico – e toda edição era feita por meio de estiletes e fitas adesivas. Um erro poderia ser fatal e acabar com uma parcela considerável do trabalho.
Daí surgiu e se popularizou o áudio digital, em que bastavam movimentos do mouse para editar músicas. Efeitos passaram a ser processados a posteriori e poderiam ser alterados mesmo na última fase de masterização sem necessidade de retrabalho. Hoje em dia virtualmente todas as músicas são feitas com áudio digital – e mesmo se não forem, acabam virando MP3 de qualquer jeito.
Qualquer um com disposição e um computador razoável pode fazer música. É claro que exige conhecimentos não apenas de teoria musical, mas também de edição e tratamento de áudio. Todavia, aquele que toca violão e quer apenas registrar suas canções – e, talvez, divulga-las – pode fazer isso sem sair de casa.
E não só em casa, mas em qualquer lugar que estiver, é possível captar suas ideias em áudio de forma quase profissional através de um tablet, como o iPad. O aplicativo GarageBand é capaz de gravar áudio através do microfone embutido no aparelho, além de possuir instrumentos virtuais para que você não perca a ideia mesmo que esteja sem sua guitarra ou teclado. Mesmo sem saber como executar música em um instrumento, os “Smart Instruments” dão uma força.
Às vezes acho difícil acreditar em tudo isso. Todo o trabalho de horas, dias, em um estúdio profissional hoje pode ser reproduzido num aparelho que você carrega com apenas uma mão. Todas as fitas demo com qualidade de áudio horrível devem estar se revirando de inveja no cemitério tecnológico. Ainda não consigo imaginar como é que nós vamos estar daqui a alguns anos.