Leonardo desligou o laptop. Tomou um banho de cinco minutos, vestiu-se e pegou seu celular e carteira. Desligou a luz do quarto, saiu de casa e trancou a porta. Pôs as chaves no bolso e se perguntou se não seria melhor ter trazido a mochila para não ficar com os bolsos tão cheios. Ficou com preguiça de voltar e decidiu ir do jeito que estava. Foi até o ponto de ônibus na Rua Verbo Divino e esperou durante sete minutos pela linha de ônibus 5318-10 que fazia o trajeto entre Chácara Santana e a Praça da Sé. Levou cerca de vinte e cinco minutos até que ele desembarcasse na Avenida do Ibirapuera. Caminhou até a Alameda dos Maracatins e parou em frente ao condomínio onde alguém já o esperava.
Juliana ligou o carro e seguiu até sua casa. Estava pensativa. Lembrou-se dos momentos que passara junto com Leonardo. Ela conseguia fazê-lo rir, o que não era algo fácil. E ele também lhe arrancava alguns sorrisos de vez em quando. Ela recordou-se, também, das brigas. Sim, haviam discutido algumas vezes. Ela se exaltava e levantava a voz, ele apenas ficava ouvindo, irredutível e, em seguida, apontava seu argumento de forma calma e precisa. Não entendia como ele podia ser tão equilibrado e manter a tranquilidade mesmo nos momentos mais tensos.
Juliana também chegou cedo a sua sala. Ficou na porta conversando com suas colegas. Não era incomum alguém passar e cumprimentá-la e ela sempre respondia com seu simpático sorriso. Por ter esse jeito cordial, ela conhecia gente em todos os lugares e costumava ser bastante popular, desde os tempos de criança.
Ele chegou à sala um pouco antes do começo da aula. O lugar estava quase vazio, a maioria dos alunos ainda não havia chegado. Três pessoas estavam sentadas ao fundo do recinto conversando alto. Leonardo os cumprimentou com um gesto com a cabeça e um sorriso mecânico quando eles acenaram. Sentou-se em seu lugar habitual, abriu seu caderno, pegou uma esferográfica e fez menção de começar a escrever, mas parou antes que a caneta tocasse o papel e franziu o cenho, sem saber o que iria anotar. Apoiou o cotovelo esquerdo sobre a carteira e seu queixo sobre a palma da mão, mantendo seu olhar em algum ponto da parede, pensativo. Com a mão direita, batia regularmente a ponta da caneta no caderno.
— O que acha de começarmos agora mesmo? Podemos fazer uma pesquisa na biblioteca do IP – Juliana sugeriu ao saírem do estabelecimento.
— É uma boa ideia, mas eu vou ter que passar em casa antes. Não trouxe meu material para a aula.
— Ok. Eu te dou uma carona.